sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Livro- A Saga do Escorpião Negro( CAPITULO I)

CAPITULO I


O Monge



Em meados de vários séculos distantes, em uma cidade longínqua de um lugar inexato, habitava um monge ermitão.

Certo dia ele resolve descer das montanhas para não guardar mais o conhecimento para si mesmo, então desce setecentos e setenta e sete léguas a baixo, e se depara com um rio de águas bem claras, ele entra, tira o habito e se banha, mas a solidão o faz começar a pregar para os peixes:

__Enquanto o lobo se instrui em crer em um grande poder, a atenção do seu olho sempre se dirige para o cordeiro, nós caríssimos não sabemos bem o que sabemos, mas só sabemos bem o que temos, e o que temos vendemos.

Após outros sermões, e ele veste e sai novamente sem um rumo certeiro. Euzébio como gostava de ser chamado, sendo que o seu verdadeiro nome era Cleousdossímo, se encontrava nas montanhas em profunda meditação por muitos anos, nem ele mesmo sabia pra que servia aquilo, mas sabia que seria necessário algum dia. Seguindo rumo do vento, ele se depara com um macaco equilibrista na praça, onde observa e melancolicamente começa seu discurso prosaico:

__Existe em todos os homens, a todo o momento, duas postulações simultâneas, uma a Deus, outra a Satanás. A invocação a Deus, ou espiritualidade, é um desejo de elevar-se; aquela a Satanás, ou animalidade, é uma alegria de precipitar-se no abismo, e as nações não têm grandes homens senão contra a vontade delas - assim como as famílias, apenas é igual a outro quem prova sê-lo e apenas é digno da liberdade quem a sabe conquistar.

As pessoas nem olhavam mais para o animal equilibrista, ele tirou a atenção, inclusive do animal que perde o equilíbrio que cai de cabeça no chão, Euzébio preocupado em falar não reparou a queda do animal, ele pega o macaco, e o outro monge que estava presente chama-o:

__ Hei você, temos um defunto aqui do nosso mundo, o que faremos?

Euzébio, para, pensa, olha, reflete e diz:

__Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente; olhando para outro monge eles saem como se não houvesse ninguém ali, pegam um rumo incerto e somem na penumbra da noite.

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